domingo, 9 de março de 2008

Supremacia Inglesa na Europa (?)

Nenhuma outra liga nacional européia terá tantos representantes nas quartas-de-final da Uefa Champions League quanto a Premier League, o que pode apontar o seu alto nível de qualidade, mas não o do futebol de sua terra. Pelo segundo ano consecutivo os clubes ingleses avançam em massa para esta fase. Chelsea, Arsenal e Manchester United garantiram essa semana suas vagas na próxima rodada do campeonato, enquanto o Liverpool viajará semana que vem para Milão, onde enfrentará a Inter com a vantagem de ter vencido em casa. Mas é um técnico francês, um israelense, um escocês e um espanhol que comandam as quatro equipes. Juntas elas têm 22 jogadores de nacionalidade inglesa em meio à cerca de 50 homens inscritos no campeonato, uma média de 5,5 ingleses por clube.

Desde o boom de investimentos que os times da Premier League sofreram a partir das aquisições estrangeiras, mais e mais jogadores internacionais passaram a compor seus elencos. Exemplo recente disso é o Chelsea. Desde a chegada de Roman Abramovich em 2003 talentos europeus e africanos como Makelele, Robben, Drogba e Shevechenko foram comprados. Hoje, dos 26 principais, somente 7 são ingleses - Ashley Cole, Frank Lampard, Joe Cole, Steve Sidwell, John Terry, Wayne Bridge e Shaun Wright-Phillips, mas nem todos titulares absolutos.

Os técnicos estrangeiros também podem ser responsáveis por tal número. O Liverpool, que sempre foi um time tão tradicional na Inglaterra, conta com um número ainda menor de titulares ingleses, Gerrard e Carragher são as únicas certezas constantes. Os dois foram também os únicos entre os onze selecionados por Rafa Benitez para começar a final da Champions League contra o Milan em 2005. O espanhol chegou à Anfield em 2004.

A recíproca não é verdadeira nesta relação Inglaterra-mundo. Entre os outros grandes que ainda disputam a competição européia, há somente um jogador inglês naturalizado turco atuando pelo Fenerbahçe, Colin Kâzim-Richards.


No mesmo barco

A grande presença de estrangeiros não acontece só no futebol inglês. Os outros clubes que ainda participam do torneio passam por casos similares, com exceção do Fenerbahçe. O time de Zico tem 19 turcos, ou assim naturalizados, entre os 27 jogadores de sua equipe.

Já a Inter, que ainda tenta permancer na corrida, tem apenas 3 italianos. Vale destacar que esse mesmo clube tem 7 argentinos e 4 brasileiros.

E falando em brasileiros, eles continuam sendo maioria. No momento são 29. Em outras palavras, não importa quem for o campeão, no minímo algum representante do Brasil vai levantar a Taça.

Trivia

Nove times da Premier League ainda têm treinadores ingleses, quais são eles?

Resposta da anterior: dos 28 jogadores que entraram em campo no Wembley para a final da Carling Cup, 11 eram ingleses. Pelo Tottenham: Robinson, King, Woodgate, Jenas, Lennon e Huddlestone. Pelo Chelsea: Terry, Bridge, Joe Cole, Lampard e Wright-Phillips.

Fotos: GettyImages.

9 comentários:

Anônimo disse...

Acho que o inglês não se importa muito com isso, cosmopolita como é (suposição minha).
Tanto que teve um fim de semana, que tiveram em Londres uns 6 ou 7 amistosos de Seleções Internacionais.

Aliás, fez parte da re-estruturação do futebol na Inglaterra, contar com o futebol de estrangeiros, pelo que me lembro de uma campanha da Eurocopa na Inglaterra, havia um outdoor com a foto do Cantona dizendo: "Eu ajudei a construir o futebol na Inglaterra, agora pretendo destruir." (algo assim)

Anônimo disse...

[...]Tudo bem que os times ingleses não são assim tão… ingleses, mas eu acho isso o de menos, levando-se em conta a vocação cosmopolita da Inglaterra.[...]

Anônimo disse...

Off total do tópico:

hehehe... Gabriella, você acabou deixando lá no Blá blá Gol (já consertei) o endereço errado. Ao invés de blogspot, você digitou blogpsot...

Olha só a bomba...

Anônimo disse...

Muito bem analisado, Gabriella. O futebol, que sempre deu lugar a exacerbados nacionalismos, começa a acompanhar a globalização, dando lugar a um espaço que admite 'jogadores sem identidade'. A Inglaterra é só um exemplo, assim como a Espanha. Em compensação, as seleções desses países acabaram fragilizadas. Espanha e Inglaterra há tempos não emplacam.

Ao contrário da Itália, que tem estrangeiros, sim, mas ainda preserva um grande número de jogadores italianos nos plantéis de seus clubes. E exporta pouco, também.

Mas o outro lado dessa globalização do futebol é a transformação da Copa do Mundo em um evento ainda maior, mais valorizado. É a oportunidade que os países têm de ver seus ídolos jogando representando a nação, todos juntos em uma só equipe.

A Fifa, agradece, e não vem abrandando a restrição a estrangeiros à toa...

Anônimo disse...

Não sei se o torcedor inglês é tão indiferente assim. Uma pesquisa recente entrevistou 1055 torcedores ingleses e 56% deles foram a favor de uma cota para jogadores estrangeiros nos clubes. Além dos torcedores, o ministro britânico dos esportes, Gerry Sutcliffe, os treinadores Steve Coppell e Sam Allardyce, e até jogadores como Gerrard e Crouch já se manifestaram contra o excesso de estrangeiros.

Felipe Moraes disse...

Enquete difícil...

Os que eu lembro agora: Newcastle (Kevin Keegan), Portsmouth (Harry Redknanpp), Middlesbrough (Gareth Southgate), Derby County (Paul Jewell).

Abraço,
Felipe Leonardo

Anônimo disse...

Steve Bruce, Steve Coppell, Alan Curbishley, Roy Hodgson, Gary Magson completam a lista não é?

Unknown disse...

Sim senhor Marcélio!

Vinicius Grissi disse...

O Campeonato Inglês hoje é o melhor da Europa. Equilibrado e com muitas forças capazes de brigar pelo título. Mas é fato, que não há tanto espaço para os jogadores ingleses, enfraquecendo o futebol do país.

Mas abre o olho: a seleção da Inglaterra é uma das melhores dos últimos 15 anos.